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Pioneira Hanako Miyamoto ganha nome de rua no Jardim Keiko em Marialva | |||
23/02/2022
Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Marialva |
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Os vereadores da Câmara Municipal de Marialva aprovaram o Projeto de Lei Ordinária nº4/2022, de autoria de Toninho Raspa (MDB), que denomina de “Rua Hanako Miyamoto” a atual Rua “B”, localizada do Jardim Keiko, saída para Maringá.
A proposta foi aprovada por unanimidade de votos e foi discutida em regime de urgência com dispensa de interstício para a segunda e terceira discussão na primeira sessão ordinária de 2022 (21/2).
Hanako Miyamoto nasceu no dia 12 de março de 1920. Filha do construtor Kuramatsu Yokota e da parteira Sada Yokota. Era a mais velha de cinco irmãos.
Roçavam terras empedradas com enxadas, ferramenta que desconheciam até então. Nas mãos, apareciam bolhas, que ardiam. Exerciam trabalhos braçais, muito sofridos e sacrificantes. Foi dessa forma que a família conseguiu arrecadar recursos próprios para adquirir suas terras.
Hanako casou-se no Brasil com Titoshi Miyamoto. Fruto da união, nasceram doze filhos. Quando estava grávida de aproximadamente seis meses do primeiro deles, Toshimitsu Miyamoto, mudaram-se para Marialva em 1937. Vieram juntamente com outras duas famílias. Na época, não havia nenhum morador na região. Também não havia condições mínimas de habitação. A paisagem era composta apenas de mata virgem.
Hanako era a responsável por cuidar da alimentação do marido, do pai, do cunhado, Tadashi Miyamoto, e de outros dois homens Massaru Uchimura e Kuniyoshi Uchimura. Foram eles que ergueram as próprias moradias e desbravaram a região de Gleba Alegre, derrubando enormes árvores.
De suas lembranças sobre o passado, Hanako relatava que, para conseguir água, era preciso fazer um buraco na terra úmida. Essa era a água era utilizada no preparo dos alimentos. No percurso das caminhadas que fazia para levar bentô (marmita) aos homens, precisava passar por cima de enormes cobras.
Macacos e outros bichos ficavam assustados com as presenças dos humanos. Haviam muitos borrachudos, pernilongos e outros insetos que atrapalhavam o trabalho. Por isso, era necessário vestir roupas que cobrissem toda parte dos braços e rostos, deixando expostos apenas os olhos e as mãos.
Mesmo assim, os dorsos das mãos ficavam cheios de mordidas e, para não levarem picadas nas pálpebras, eram obrigados a fumar. À noite, dormiam em meio a fumaça, que ardia os olhos e dificultava a respiração, mas que, pelo menos, deixava eles dormirem livre dos insetos.
Em um dos inúmeros cortes de árvores, um dos seus irmãos de Hanako foi atingido. O tronco da árvore caiu do lado oposto do previsto por conta de cipós que estavam enrolados nos galhos. Hanako presenciou a morte trágica do irmão e ainda auxiliou o pai a carregar o corpo todo ensanguentado. Durante a caminhada, seu pai teve um ataque cardíaco e faleceu também no mesmo dia.
Após muitos anos de trabalhos braçais, difíceis e sacrificantes sem muitos recursos materiais e nenhum recurso tecnológico, a família conseguiu adquirir uma área para o cultivo de lavouras. O local, porém, não havia sequer estrada de acesso.
Sobreviviam do cultivo de palmito e caças de veado, tatu, jacutinga, porco (anta), galinha e da pesca. A lavoura, iniciou-se com plantações de feijão e café.
Sada Yokota, era única parteira da época na comunidade. Ela fazia controle e acompanhamento de todas as gestantes. Uma semana antes do nascimento, fazia manobras de posicionamento correto do feto para assegurar que parto natural ocorresse com sucesso.
Todos os onze filhos de Hanako concluíram a educação escolar básica e, parte deles, conquistaram a formação universitária.
Foi também secretária do Seicho-no-ie por, aproximadamente, cinco anos. Como ainda não existia xerox, precisava transcrever diversas vezes à mão, os comunicados emitidos em kanji, sistema de escrita japonesa. Depois, saía a pé para entregar pessoalmente cada comunicado aos participantes. Por tanto amor e dedicação, merecidamente, foi eleita presidente do Seicho-no-ie.
Quem teve a honra de conviver com Hanako sabe que uma de suas características marcantes era orar diariamente de manhã, com o nascer do sol, e à noite, ao entardecer. Esse ritual lhe era sagrado. Religiosa, alegre, humana e amiga, ela não media esforços pessoais para ajudar o próximo.
Faleceu aos 92 anos, em 8 de junho de 2011. Estava lúcida e saudável. Infelizmente uma complicação de pneumonia lhe levou a óbito. Ao todo, teve 28 netos e 28 bisnetos.
“Hanako Miyamoto foi uma pessoa exemplar em todas as qualidades da pessoa humana. É impossível descrever e listar em apenas palavras e frases, toda trajetória da vida dela. Deixou uma valiosa herança de valores de amor, dedicação, humildade, honestidade, simplicidade e perseverança. São imensuráveis as contribuições que ela e todos os antepassados nos deixaram e que hoje desfrutamos”, relata a justificativa do projeto.
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