A Missão Resgatando Vidas (MIRV) vai receber o título de “Utilidade Pública Municipal”. O Projeto de Lei Ordinária nº 4/2021, de autoria do vereador Luciano Dário (PSD), foi aprovado por unanimidade e em terceira discussão na sessão da última segunda-feira (24). 

Em mais de dez anos de atuação, a entidade sem fins lucrativos já acolheu e ofereceu tratamento para milhares de dependentes químicos em situação de rua. Desde 2013, o centro está localizado no km113, no Alto Cafezal. Atualmente o local acolhe 76 homens, entre 18 e 66 anos. A maioria usuário de crack, cocaína e ecstasy. Eles chegam encaminhados por membros da família ou direcionados por voluntários para a vaga social. Nos primeiros trinta dias, o interno passa por uma triagem para saber se realmente a recuperação é o seu propósito. 
 

Ao todo são nove meses de tratamento. Durante esse período, o interno participa de cultos religiosos diários e matinais, recebe apoio psicológico e participa rotineiramente de atividades terapêuticas – as chamadas laborterapias. São trabalhos manuais de jardinagem, horticultura, limpeza, preparo de refeições, barbearia, funilaria, fabricação de estopas para oficinas, dentre outros, cujo objetivo é afastar o ócio e conquistar a autonomia e bem-estar sem o uso de drogas. 
 

Segundo o coordenador da MIRV, Charlei Brandler 50% dos que passam pelo tratamento conseguem largar definitivamente o mundo das drogas e reestabelecer a vida social. “Quando termina o tratamento, muitos não sabem ou não têm para onde ir. Muitas vezes, o lar que vai o acolher de volta não está estruturado ou preparado para isso. O pai é alcoólatra, o irmão usuário ou traficante. Nesses casos, o tratamento se torna vão”, comenta. 
 

De acordo com um dos fundadores da MIRV e atual diretor financeiro, Emílio Soares Ferreira, o título de utilidade pública vai ajudar que a entidade se sustente financeiramente, além de permitir que o centro amplie a sua atuação. “Queremos ter condições de estruturar ainda mais o nosso projeto. Meu sonho é oferecer cursos profissionalizantes e fazer com que esses meninos retomem os estudos, auxiliando na reinserção deles na sociedade”. 
 

“A questão da drogadição está em todas as classes sociais. Creio que o melhor tratamento contra a dependência química é a prevenção, o desenvolvimento de políticas públicas e o fortalecimento da família. O MIRV atua na recuperação. Só de aluguel, eles pagam R$ 7,5 mil, sem contar água, luz, alimentação. Ao aprovar esse projeto, estamos permitindo que eles consigam, dentro da legalidade, arrecadar recursos públicos e melhorar ainda mais o belo trabalho que vem sendo feito”, comentou o vereador Luciano.
 

Veja o depoimento de Charlei Brandler, ex-usuário e atual coordenador do centro:

Veja o depoimento de Emílio Soares Ferreira, diretor financeiro do centro: